Motive-se para criar, crie para motivar-se!

Você adora o que faz e, enquanto trabalha, nem vê o tempo passar? Se a sua resposta for "sim", pelos cânones da auto-ajuda, você poderia ser enquadrado na categoria dos profissionais motivados. Mas não sejamos assim tão simplistas, não é? Você pode realmente amar o que faz, mas a pressão por resultados é tamanha e os problemas são tantos que não dá para dizer que trabalha motivado. Você pode nem ver o tempo passar mesmo, mas não porque esteja motivado e, sim, porque sua empresa está uma loucura, uma bagunça, e você mal consegue dar conta dos seus afazeres.

Nesses tempos de profundas mudanças, alta competitividade e grandes pressões no interior das empresas, nem sempre é fácil encontrar motivação para trabalhar. Sua competência e seus esforços às vezes parecem insuficientes para fazer as coisas funcionarem como gostaria. E os problemas então? Sugam sua energia. Você sai do trabalho exaurido, até com sentimento de culpa por não ter resolvido todas as pendências. O pior é que elas estarão à sua espera no dia seguinte, engrossando a lista de "pepinos" que certamente irão surgir.

Se é assim que você se sente, provavelmente entrou numa espiral negativa em que as questões não solucionadas lhe causam desprazer e o desprazer leva à desmotivação. A boa notícia é que o movimento dessa espiral pode ser revertido se você acrescentar um tempero especial ao seu trabalho: a criatividade. Segundo o professor de psicologia da Universidade de Chicago, Mihaly Csikszentmihalyi, autor do livro Flow, pessoas que procuram desempenhar tarefas criativamente encontram mais prazer no que fazem. O prazer, por sua vez, é altamente motivador. Aí está a espiral positiva: criatividade, prazer e motivação.

Antes de mais nada, é preciso que você analise a forma como vem tentando resolver seus problemas. Se normalmente fica ansioso ou transtornado para encontrar a solução, precisa aprender a fazer o que eu chamo de "distanciamento da situação". Em vez de ficar concentrado na questão, abra seu foco de visão para tudo que envolve o problema. Procure perceber todas as implicações que ele tem e analisá-lo por vários ângulos. Distanciar-se de um problema é como sobrevoar o congestionamento de helicóptero: você sai do caos, vê sua extensão e enxerga possíveis saídas.

O que isso tem a ver com criatividade? Tudo. Quanto mais você se distancia mental e emocionalmente do problema, mais predisposto a ter idéias criativas se torna. Afinal, não é com a cabeça quente e os nervos exaltados que conseguirá ter uma inspiração, é? Bem, de nada adianta ficar "zen" diante dos problemas se você não exercitar sua criatividade para que ela se manifeste quando necessário. Um bom treino para isso é sempre procurar fazer coisas diferentes das habituais. Experimente um novo caminho para ir ao trabalho, assista uma estação de TV que nunca viu, compre uma revista nova, converse com um desconhecido, enfim, dê a si mesmo a chance de surpreender-se com algo novo todos os dias. Fazer as coisas sempre do mesmo jeito nada mais é do que a exteriorização do modo como sua mente trabalha, sempre percorrendo as mesmas e consagradas trilhas de raciocínio. Ao mudar seus hábitos, você estará abrindo novas trilhas.

Da mesma forma como você procura trazer novidade ao dia-a-dia, experimente fazer o seu trabalho de maneiras diferentes. Mude o jeito de encaminhar as coisas, procure alternativas para simplificar tarefas, crie novos procedimentos. Pessoas criativas estão sempre em busca de aperfeiçoamento naquilo que fazem e disso extraem seu prazer. O reconhecimento de que estamos fazendo nosso trabalho um pouco melhor a cada dia é altamente motivador.

Uma boa dica para sustentar a espiral da criatividade, prazer e motivação é diariamente, ao despertar, ter pensamentos positivos, algo como "hoje, apesar de tudo, eu serei feliz" ou "a criatividade sempre me ajuda a resolver as situações que encontro". As atitudes e pensamentos que temos nos primeiros minutos do dia determinam a qualidade de 80% do restante daquele dia. Não queira resolver todos os problemas de uma só vez; em vez disso, estabeleça metas realistas, comprometendo-se com o que é mais importante ou mais urgente. Com essas atitudes simples, você poderá terminar o dia satisfeito por ter cumprido seus objetivos e usado a criatividade. O que pode haver de mais motivador do que isso?

Fonte: Leila Navarro – palestrante motivacional e comportamental

Por que Você não Colabora?

Uma das grandes queixas no universo corporativo está centrada nos insuficientes níveis de comprometimento das pessoas e equipes. Esta patologia atinge um enorme percentual das empresas, de maneira severa.

Há muitas pesquisas que apontam a falta de cooperação, suas causas e conseqüências dentro do universo corporativo. Algumas analisam os efeitos da cooperação e do conflito dentro do universo das empresas e detectam que os conflitos são necessários para o aprendizado organizacional, cabendo às lideranças transformar estes conflitos em alavancas (através da cooperação) e não em barreiras.

A Psicologia e a própria psicanálise trazem, também, enormes contribuições sobre as questões ligadas ao caráter, temperamento e personalidade no auxílio da compreensão do porque as pessoas não colaboram tanto quanto, em geral, se espera. Uma pesquisa chamada: The High Performance Worforce Study – a Accenture, que envolveu duzentos executivos em três continentes, comprovou que as prioridades estratégicas da organização, tais como o aprimoramento do desempenho da força de trabalho, o estilo de liderança e o comportamento da administração, são questões que dependem diretamente da cooperação.

Para o consultor corporativo Carlos Hilsdorf, precisamos rever nossas prioridades. “Precisamos conseguir transformar compromisso em comprometimento e conseguir efetiva colaboração das pessoas. Esta preocupação em conseguir que as pessoas cooperem de maneira eficaz é a responsável pelo alto volume de investimentos em palestras e treinamentos voltados especificamente para a sensibilização e aprimoramento das habilidades interpessoais”, analisa.

Para Hilsdorf, encontramos um enorme número de pessoas que não colaboram. “Gestores e líderes reclamam que as pessoas não se dedicam tanto quanto poderiam se dedicar e que permanecem muitas vezes no nível formal do compromisso, da obrigação e não migram para o nível superior do esforço-extra e do comprometimento”, afirma o consultor.

As melhores empresas para se trabalhar, as que acabam sempre apresentando melhores resultados financeiros que suas concorrentes, administram de maneira eficaz a cooperação, o relacionamento de qualidade e o clima organizacional. Portanto, não basta apenas ser um bom profissional, é preciso colaborar.

Fonte: Carlos Hilsdorf – economista, conferencista e profundo pesquisador do comportamento humano.

Valor e Necessidades: Um Exemplo no Call Center

Muitas vezes nos deparamos com um erro comum, que empresas podem cometer por interpretar de forma equivocada os conceitos de valor e necessidades. Tomemos como exemplo uma empresa de telefonia e a organização de seu call center.
A metodologia IDIP (Identificar, Diferenciar, Interagir e Personalizar) do Peppers & Rogers Group propõe que os clientes sejam diferenciados por valor e por necessidades. Essas duas dimensões permitem, respectivamente, priorizar os recursos existentes e personalizar o tratamento aos clientes.
Priorizando Recursos
Imaginemos que uma empresa tenha recursos para oferecer tratamento especializado com agentes mais experientes para apenas 100 clientes de uma base de 1000. Ela deve usar essa oportunidade para interagir de forma inteligente com eles para entender bem suas necessidades. Isso significa que ela vai focar em atender melhor e conhecer melhor os 10% de maior valor atual ou potencial (vale lembrar que para cada empresa pode haver diferentes indicadores de valor, além da lucratividade). Dessa forma, a empresa protege e ao mesmo tempo entende as necessidades dos seus melhores clientes.
Mas, quando se trata de definir equipes (ou ilhas) de atendimento, começam algumas distorções e muitas vezes empresas misturam os conceitos na distribuição de clientes por valor e por necessidades. Imagine, por exemplo, que se divida o atendimento (suporte) de uma companhia telefônica apenas por valor dos clientes. A intenção é oferecer melhor nível de serviço aos clientes de mais alto valor. Mas ao colocar todos os clientes de alto valor atendidos na mesma ilha, a empresa descarta a dimensão de necessidades, normalmente supondo que quanto maior o valor do cliente, mais sofisticadas serão suas necessidades. Isso nem sempre é verdade.
Olhando as Duas Dimensões
Suponhamos uma grande empresa, cliente dessa companhia telefônica. Imagine que ela tenha apenas linhas fixas e centrais telefônicas, e vários pontos de acesso à Internet. Por ser uma empresa de alto valor, seu fornecedor quer que ela seja atendida com agilidade, mas os atendentes da companhia telefônica que falam com ela só precisam conhecer bem linhas fixas, centrais e acessos simples à Internet.
Por outro lado, essa mesma companhia telefônica pode ter como cliente uma empresa de valor muito mais baixo, mas que devido à natureza de suas operações, demanda um conhecimento técnico muito elevado, porque possui conexões via satélite e serviços móveis com aplicações de dados críticas para seu negócio.
Se criarmos as ilhas de atendimento com base somente em valor, a empresa de maior valor que demanda serviços básicos (e consequentemente um operador menos treinado e mais barato) teria exatamente o contrário: alguém muito bem preparado e caro, capacitado para atendimentos de serviços de conectividade e dados. Ou seja, o investimento feito em atendimento seria desperdiçado.
Por outro lado, a pequena empresa de uso intenso de serviços de alto valor agregado teria um operador que sequer sabe falar sua língua ou realizar os atendimentos necessários aos produtos que possui, porque estaria em uma ilha de baixo valor, de capacitação muito reduzida. E vale a pena ressaltar que este exemplo não avalia outras necessidades ainda mais específicas, como a visão de negócios, conhecimento para oferecer novas tecnologias de comunicação, dentre outras dimensões que poderiam ser analisadas. São avaliadas apenas as necessidades relacionadas diretamente ao suporte aos produtos que o cliente possui.
Considerando tudo isso, é importante reforçar que o grau de preparação do operador e sua capacidade de atendimento devem ser definidos principalmente pelas necessidades dos clientes. O valor deve ser aplicado para que se defina a prioridade que o cliente terá no atendimento (que se traduz em quantidade de recursos alocados) e o investimento que a empresa fará para conhecê-lo cada vez melhor.
Mantendo valor e necessidades como variáveis independentes, o cliente será sempre atendido de acordo com suas necessidades e – ao mesmo tempo – a empresa utilizará seus recursos racionalmente, de acordo com o nível de valor dos clientes, e com maiores níveis de satisfação.
Fonte: Paulo Araújo – consultor sênior do Peppers & Rogers Group.

O Diagnóstico das Patentes

Uma das mais acentuadas mudanças culturais verificadas no advento do mundo globalizado foi a efetiva consolidação do conhecimento como catalisador de um novo e mais elevado padrão de produtividade e qualidade. Porém, para atingir esse patamar e o transformar em parâmetro para todo o seu parque produtivo, conquistando, assim, grau elevado de competitividade, o Brasil precisa avançar de maneira mais rápida na área da inovação e pesquisa.

Nos últimos anos, o País até cresceu bastante nesse campo. Entretanto, ainda há, em relação às nações com as quais competimos no comércio internacional, uma distorção entre o esforço de pesquisa e o número de registros de patentes, que é um preciso indicador do estágio da inovação no universo produtivo. Nos parece que uma das principais causas do problema no Brasil é o distanciamento, ainda grande, entre as universidades e as empresas. Mais do que nunca, é essencial que os cientistas e pesquisadores atuem no cerne da produção, convertendo conhecimento, descobertas científicas e o seu esforço de pesquisa em registros brasileiros de propriedade industrial e intelectual e, sobretudo, em crescimento econômico.

É interessante verificar como se distribuem as patentes entre a academia e as empresas em alguns outros países. A Universidade da Califórnia, que ocupa o primeiro lugar em inovação dentre as instituições de ensino superior dos Estados Unidos, aparece apenas no 44º posto no ranking de registros no país. No Brasil, dentre as primeiras 20 colocadas, o grande destaque é para as universidades. Aqui, 83% dos mestres e doutores estão na academia e apenas 17%, nas empresas. Na Coréia do Sul, somente 39% encontram-se nas universidades, enquanto o maior número trabalha na produção. Não é sem razão que, em 2003, os coreanos obtiveram 4.132 patentes nos Estados Unidos, os chineses, 424, a Índia, 355, e o Brasil apenas 180.

A maior aproximação entre instituições de ensino superior e as empresas apresenta bons resultados em todo o mundo. Inclusive no Brasil, há exemplos do quanto esse processo é positivo. É o caso do Fórum Permanente das Relações Universidade-Empresa (UNIEMP), que vem atuando na viabilização de patentes e a absorção de resultados de pesquisas pelas empresas há mais de uma década. Um outro exemplo concreto é a Universidade de Campinas (Unicamp) e a Petrobrás. Ambas instituições mantêm cooperação desde 1987, quando foi criado o Centro de Estudos do Petróleo (Cepetro), laboratório que auxilia no desenvolvimento e aplicação de pesquisas da companhia estatal. Pois bem, desta unidade já saíram 250 mestres e doutores, hoje atuando na Petrobrás, e não é coincidência o fato de ambas as organizações ocuparem os dois primeiros lugares no ranking nacional de registro de patentes.

O significado de o País avançar na área da inovação, em especial por meio da maior aproximação entre universidades e empresas, evidencia-se de modo muito claro na pauta de exportações. Os itens de média e alta tecnologia, ainda pouco recorrentes, destacam-se sobremaneira sobre os demais em termos de valor e geração de divisas. Um exemplo encontra-se nas aeronaves da Embraer, cujas vendas externas têm receita média anual superior a US$ 2 bilhões. E não se deve ater a análise apenas à indústria, pois a tecnologia também agrega diferencial às commodities. É o caso da soja nacional, cuja produtividade superlativa no mundo foi desenvolvida pelas pesquisas da Embrapa, possibilitando vendas externas de aproximadamente US$ 3 bilhões por ano.

É inegável a necessidade de ampliar os esforços no desenvolvimento mais acelerado das pesquisas, inovação e registro de patentes, considerando ser a dependência tecnológica a armadilha da subserviência, num mundo no qual o conhecimento é cada vez mais fator de domínio econômico. No último Congresso da Indústria, organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), por exemplo, foi proposto ao próximo governo a garantia de recursos para pesquisa e inovação através de lei. Porém, o sucesso efetivo do Brasil no enfrentamento desse desafio depende da atuação mais articulada do governo, setores produtivos, universidades, institutos de pesquisa e de toda a sociedade.

Fonte: João Guilherme Sabino Ometto – engenheiro (EESC/USP), vice-presidente da Fiesp, coordenador do Comitê da Cadeia Produtiva do Agronegócio da entidade e membro do Conselho Universitário da Universidade de São Paulo.

Aprendendo com o Passado

Pensando no conceito básico de relacionamento com cliente, e voltando um pouco no tempo, é fácil entender que quanto menor a empresa, maiores são as chances de se conhecer melhor cada cliente, uma vez que são poucos os canais de interação.

Considerando os pequenos estabelecimentos do passado (e até hoje existentes em bairros das capitais e nas cidades do interior), podemos constatar que eles praticavam o relacionamento com clientes da forma mais pura possível, conhecendo a fundo as necessidades, hábitos e preferências de cada cliente.

Infelizmente, muitas empresas, principalmente as médias, perderam essa virtude com o tempo. As economias de escala e o marketing de massa estimularam uma cultura empresarial voltada ao produto. Com isso, perdeu-se o grande diferencial que as pequenas e médias empresas possuíam em relação às grandes companhias: o relacionamento mais próximo com o cliente.

A associação equivocada do conceito de CRM (Customer Relationship Management, ou Gestão do Relacionamento com Clientes, em Português) a soluções tecnológicas, vendo-as como pré-requisito para a aproximação com o cliente e o preconceito em relação aos custos, sugere erroneamente que somente as grandes corporações têm condições de praticar corretamente a gestão de clientes. Com isso, as pequenas e médias empresas se afastaram do cliente, perdendo grandes chances de negócios.

O grande volume de dados e os recursos mais abundantes nas grandes companhias fizeram com que as empresas de tecnologia inicialmente enfocassem este mercado. As grandes empresas, por sua vez, passaram a exigir que seus fornecedores estejam todos integrados ao longo de suas cadeias de suprimentos. Assim, as fortes pressões do mercado e as exigências dos clientes têm estimulado as pequenas e médias empresas a também investirem em sistemas de gestão.

As empresas que enxergarem nessa tendência uma oportunidade para aprimorar os relacionamentos com seus próprios clientes e souberem tirar proveito disso por meio de estratégias bem definidas, estarão um passo à frente no mercado. Os fornecedores de sistemas de gestão de clientes já perceberam a tendência desse nicho e já oferecem a modalidade de software como serviço (SaaS ou On-demand nas siglas em Inglês) para atender as necessidades de empresas de menor porte.

Além disso, as pequenas e médias empresas têm a vantagem de poderem aproveitar a experiência das grandes que foram pioneiras nesses processos, evitando os possíveis erros e problemas enfrentados por elas.

Ao conhecer melhor seus consumidores, novas oportunidades de negócios surgirão. As empresas que souberem adaptar seus produtos e serviços às necessidades específicas individuais ou de grupos conseguirão aumentar o nível de satisfação dos clientes e, dessa forma, mantê-los por mais tempo.

Parece paradoxal mas – de uma forma positiva – a tecnologia leva as pequenas e médias empresas de volta ao passado. Quando o relacionamento era seu grande diferencial.

Fonte: Daniela Furusawa – consultora do Peppers & Rogers Group Latin América and Ibéria.