Marcas usam aplicativos para se aproximar do consumidor

Nestlé, Pão de Açúcar, Tecnisa e Porto Seguro oferecem serviços mobile para estar presentes na rotina dos internautas

Receitas na palma da mão dos consumidores, localizadores de lojas e até a venda de apartamentos pelo celular. Os aplicativos para iPhone aparecem como oportunidade para as empresas que querem estar presentes na vida do consumidor cada vez mais conectado, mostram resultado e são sucesso na estratégia de Marketing de marcas como Nestlé, Oi, Pão de Açúcar, Tecnisa, Porto Seguro e Farm.

O lançamento do smartphone da Apple em 2007 alavancou um mercado que antes era praticamente inexistente. Hoje, empresas como Nokia, LG e Samsung já possuem lojas virtuais, mas é a App Store, a loja de aplicativos da empresa de Steve Jobs e parte da iTunes Store, que ainda manda no mercado. No site, os internautas encontram atualmente cerca de 200 mil aplicativos. No ano passado o número não ultrapassava 25 mil, segundo dados da própria Apple.

Passados quase três anos do lançamento do celular inteligente da Apple, essas ferramentas não são mais privilégio de grandes companhias. “O custo depende do projeto, mas pode ser de R$ 40 mil a R$ 150 mil e levar entre 40 dias e até meses para ser desenvolvido”, explica Alexandre van Beeck, Sócio-diretor de Planejamento da Future Group, agência responsável pelas ações mobile da Nestlé, incluindo o aplicativo Nestlé Receitas.

Nestlé Receitas já tem versão atualizada
Lançado em agosto de 2009, o Nestlé Receitas obteve mais de 45 mil downloads e ficou por 18 dias na lista Top 10 dos aplicativos gratuitos mais baixados na iTunes Store Brasileira. Este ano, a ferramenta ganhou uma versão 1.1 e, em menos de uma semana do seu lançamento, um terço dos usuários já tinham baixado a atualização, que deixou o aplicativo mais rápido e permitiu que os internautas enviassem receitas por e-mail, inserissem suas sugestões de prato e ainda realizassem buscas por ordem alfabética das mais de três mil receitas disponíveis.

O sucesso do Nestlé Receitas é explicado pelo fato de oferecer serviços, condição prioritária no desenvolvimento dos aplicativos. “Entendemos que as empresas que querem se posicionar no mercado a partir dos aplicativos precisam oferecer um serviço. A ferramenta deve ter valor agregado e função prática para ajudar no dia a dia do consumidor, mantendo a marca presente em sua rotina”, aponta van Beeck, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Para fortalecer o relacionamento com os clientes e prospects, a Tecnisa e a Porto Seguro também investiram em aplicativos que oferecem serviços. Em julho do ano passado, a construtora lançou a sua ferramenta que, em 10 meses, atingiu o número de 4,5 mil downloads e em fevereiro intermediou a venda de um apartamento no valor de R$ 460 mil. O programa não só permite que os usuários encontrem os imóveis no entorno da área pesquisada, como também conheçam o que a região oferece, como academias, bancos e escolas. Elementos importantes na hora da decisão de compra.

Serviços agregam valor ao aplicativo
A aplicação da Tecnisa ainda possibilita que os internautas tirem dúvidas por e-mail, entrem em contato com corretores on-line, acompanhem a evolução das obras e saibam das novidades da construtora por meio do Twitter integrado.

“Sempre buscamos oferecer utilidade. O trabalho feito na internet pensa em dois pilares: relacionamento e vendas. O atendimento foi um dos pontos destacados pelo cliente que comprou o imóvel. Em pleno feriado de carnaval, à noite, ele enviou um e-mail e foi respondido em poucos minutos”, conta Denilson Novelli, Gerente de e-business da Tecnisa, em entrevista ao Mundo do Marketing.

O Porto Seguro Auto também busca facilitar o atendimento. O principal serviço do aplicativo da companhia de seguros é o acionamento de socorro sem que seja necessário falar com nenhum atendente. O cliente ainda pode acompanhar a chegada do guincho a partir de coordenadas geográficas. Lançada no início de março, a ferramenta registrou mais de sete mil downloads e 50 mil acessos aos serviços oferecidos para facilitar a vida dos clientes.

O programa permite que o usuário cadastre rotas e consulte qual é a melhor opção de trânsito no momento, mais um caso em que o serviço é essencial nesta ação de Marketing. “Não acreditamos em usar aplicações em celulares simplesmente para fazer propaganda. O serviço e o conteúdo devem ser relevantes para o usuário. O objetivo central da Porto Seguro é prover facilidade para o cliente e ser lembrada por agregar valor em sua vida. A fidelização é consequência da percepção de valor”, diz Rafael Caetano, Gerente de Canais Eletrônicos e de Marketing Direto da Porto Seguro, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Aplicativos devem faturar US$ 6,7 bi em 2010
O sucesso crescente deste mercado deve-se ao aumento do número de smartphones. Atualmente, são 300 milhões de pessoas utilizando esses aparelhos ao redor do mundo, como indica um estudo deste ano realizado pela empresa de consultoria Research2guidance. Desta base, 75 milhões são atendidos pela App Store. A previsão é de que em três anos o número de smartphones no mundo triplique.

Em 2009, o mercado global de aplicativos faturou US$ 4,2 bilhões e registrou 2,5 bilhões de downloads, de acordo com um estudo publicado em janeiro deste ano pelo Gartner Institute. Em 2010, o valor deve chegar a US$ 6,7 bilhões e 4,5 bilhões de downloads, mesmo que a maioria dos aplicativos sejam gratuitos ou custem US$ 0,99. Até 2013, a expectativa é de que o mercado movimente US$ 29 bilhões e some 21,6 bilhões de downloads.

Contrariando os fatos, ainda é baixo o número de companhias que investem neste mercado. Apenas 10% das empresas presentes na lista Fortune 200, por exemplo, usam esse tipo de ferramenta para atingir seus clientes. No Brasil, o mercado engatinha, mas marcas como a Farm são a exceção. Em fevereiro, a empresa carioca lançou o seu aplicativo, seguindo os passos de marcas internacionais como Chanel, Ralph Lauren e DKNY.

Farm desenvolve versão para iPad
A ferramenta foi baixada 12 mil vezes e traz aplicações como a localização de lojas, serviço de discagem direta, blog, materiais para personalizar o aparelho e ainda atualiza mensalmente o lookbook com propostas de produções com as roupas da marca. Uma nova versão está em desenvolvimento e trará músicas para download e a rádio Farm.

“A Farm sempre foi muito engajada no meio digital. Além da atualização do aplicativo para iPhone, estamos desenvolvendo a versão para iPad. A partir da semana que vem, todas as unidades contarão com iPads para que as clientes acessem conteúdos como o blog da Farm direto das lojas“, diz Andre Carvalhal, Gerente de Marketing da marca de moda feminina, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Também de olho na expansão deste mercado, a Oi criou o Oi Aplicativos. O site reúne as principais aplicações para smartphones e informações que ajudam o internauta a personalizar seu celular. Os aplicativos estão divididos em categorias como entretenimento, finanças, música, esportes, cultura e moda e, além do iPhone, também atendem os principais sistemas operacionais: Android, Blackberry, Palm, Symbian e Windows Mobile.

Oi e Audi investem em entretenimento
No site, a Oi não só reúne os principais aplicativos do mercado, como também disponibiliza os seus próprios programas. O Oi Música pretende ser um novo formato de álbum digital e conta com uma rádio, streaming de todas as faixas, notícias, fotos, agenda de shows, vídeos e Twitter. Já com o Oi FM, os internautas podem ouvir a programação no aparelho, ter acesso ao blog da redação, às promoções da rádio e ao canal exclusivo do portal Oi Novo Som, com mais de 4,5 mil bandas.

A Audi também aposta em entretenimento para ser lembrada no dia a dia do consumidor e promover o Audi A1. O aplicativo Audi A1 Beat Driver é um jogo em que os competidores dirigem o modelo ao som de bandas de rock atuais. Os usuários também podem compartilhar seus recordes por meio de posts no Facebook e no Twitter, direto do aparelho, e têm acesso a informações sobre o novo carro da montadora alemã.
Unindo serviço e entretenimento, o Extra aproveita a proximidade da Copa do Mundo e lança o Torcida Extra, que traz notícias sobre o mundial e disponibilizará as tabelas dos jogos atualizadas em tempo real, além do serviço de localizador de lojas, games e downloads de papel de parede para personalizar os aparelhos dos torcedores. Em menos de um mês, a ferramenta obteve mais de 400 downloads e a expectativa do Pão de Açúcar é de que esse número aumente com o início do campeonato.

Projetos devem unir design e tecnologia à ideia forte
“Como patrocinador oficial da seleção brasileira, o Extra precisava valorizar a marca e o incentivo à seleção. O Portal Torcida Extra estreita o relacionamento e traz todo o conteúdo da Copa. Como a plataforma mobile é uma grande tendência, quisemos traduzir isso para o aplicativo, que tem uma navegação mais fácil e interativa do que a versão do site para celular“, explica Andrea Dietrich, Gerente de Marketing Digital do Grupo Pão de Açúcar, em entrevista ao Mundo do Marketing.

A mobilidade está presente nos planos do Grupo, que conta também com o localizador de lojas do Ponto Frio e lançou esta semana o aplicativo Pão de Açúcar Delivery, disponível por enquanto apenas para Windows Mobile. Desenvolver versões para outros sistemas operacionais é o próximo passo das empresas, que percebem a evolução dos aplicativos, parte importante do mercado de Mobile Marketing.

“As ações estão crescendo muito e a expectativa é de que o mercado de aplicativos mobile cresça no mundo 800% até 2013, graças ao aumento de empresas de tecnologias e da ampliação da base de aparelhos preparados para receberem aplicativos. Os projetos devem ser desenvolvidos sob os pilares da tecnologia e do design, mas sem um bom conceito, não funcionam. A combinação desses dois pilares com uma ideia forte é o diferencial“, acredita o Sócio-diretor de Planejamento da Future Group.

Por Sylvia de Sá

Fonte: Mundo do Marketing

Brahma conectada no segmento country

O mesmo brahmeiro, torcedor e fanático por futebol, também pode ser um guerreiro na arena e no mundo dos rodeios. Para expandir sua visibilidade junto a esse público, a Brahma se uniu a três parceiros e lança o Campeonato Brahma Super Bull PBR. A iniciativa terá participação da Professional Bull Riders (PBR Brasil), Santarena e Canal Rural.

A marca quer se conectar com o ambiente dos rodeios e unir os aficionados pelo esporte, por meio de uma competição profissional. “Com o apoio de parceiros que possuem expertise no mundo country, poderemos proporcionar a melhor experiência para o público”, afirma Thiago Levy, gerente nacional de eventos da AmBev.

O torneio estará inserido na maior competição mundial de montaria em touros, organizada pela norte-americana PBR. A previsão é que sejam realizados 50 eventos no Brasil em 2010. Flavio Junqueira, diretor da PBR Brasil, diz que a empresa cuidará estritamente da organização do campeonato. “Já existiam eventos com montarias, mas eram quase que amistosos. Vamos organizar e profissionalizar o esporte”, explica.
Este ano serão realizadas pelo menos 15 etapas ouro do campeonato. São as competições com prêmios mais altos (acima de R$ 70 mil) e que valem mais pontos. O segmento prata terá 35 etapas. Ao final, o competidor com maior pontuação será o vencedor e disputará o campeonato mundial, em outubro na cidade de Las Vegas (EUA), com prêmio de US$ 1 milhão. As competições da série ouro se concentrarão em eventos no Paraná, Interior de São Paulo e Minas Gerais e algumas cidades do Centro-Oeste.

A Santarena ficará responsável pela operação da plataforma, com a parte de logística, distribuição e montagem. “Não estamos criando novos rodeios, apenas podemos dar suporte ao realizador para que o evento tenha um atrativo a mais”, destaca Álvaro Aoas, sócio-diretor da Santarena. “Viemos para posicionar a marca de forma correta no ambiente dos rodeios. E o realizador tem a oportunidade de qualificar seu evento”.

O Canal Rural vai transmitir pelo menos 15 etapas ouro. Com flashes em todos os noticiários e entradas ao vivo, a emissora vai mostrar o andamento das montarias classificatórias e ainda as finais das principais competições. “Já estávamos acompanhando alguns dos eventos da PBR em 2009 e a audiência foi crescendo, por isso o aumento da programação”, frisa.

A relação da Brahma com o ambiente country já dura mais de 30 anos. Na estratégia de comunicação da marca, a plataforma rodeio pode ser comparada a carnaval e futebol. Nos últimos anos a marca esteve presente nos principais eventos regionais e do circuito country com patrocínio e distribuição de bebidas. Em 2009, patrocinou cerca de 200 rodeios em todo o Brasil, assistindo de perto o crescimento da popularidade do esporte, com aumento de público de 20% ao ano, em média.

Fonte: Promoview

Ibope vai mensurar redes sociais

De olho na forte tendência de crescimento das redes sociais como canais de contato entre empresas e consumidores, o Ibope Mídia e o Ibope Nielsen Online lançaram ontem (12/05), em São Paulo, duas ferramentas capazes de mensurar esses endereços e balizar os planejamentos de marketing on-line.

A BuzzMetrics, por exemplo, chega ao Brasil com cobertura de mais de 4,5 milhões de blogs, cerca de 70 mil fóruns, e algo como 50 milhões de comentários por mês. Com essa base, a proposta da ferramenta é analisar – por intermédio de uma palavra-chave – qual a repercussão das marcas, produtos, campanhas e eventos nos ambientes virtuais.

O levantamento inclui ainda, citações em vídeos e nos sites das empresas de mídia tradicional. “A BuzzMetrics se concentra em uma área que não pode ser commoditizada, ou seja, na análise de comportamento. Mais do que gerar relatórios, nosso objetivo é descobrir tendências e estudar quanto se fala, quem fala e quem escuta, como se fala, entre outras variáveis”, contou Lydia Worthington, vice-presidente de pesquisas da BuzzMetrics.

A outra ferramenta apresentada foi a VideoCensus, que analisa o desempenho de vídeos e anúncios inseridos neste formato com métricas, como tempo médio assistido, e quais os conteúdos mais acessados. A ideia é auxiliar na compreensão de quais tipos de conteúdo geram mais tráfego e ajudar na valorização dos espaços publicitários das empresas na rede.

Fonte: Promoview

Sack’s faz 10 anos celebrando resultados

Primeira loja virtual de cosméticos e perfumes, hoje é a maior varejista do segmento da América Latina

Pioneira no comércio de cosméticos pela internet, a Sack’s chega aos 10 anos com motivos para comemorar. Fundado por Carlos André Montenegro, com um empréstimo de 20 mil dólares de seu pai, o site era um meio de vender produtos de uma rede de lojas físicas. Hoje é exemplo de e-commerce que deu certo e considerada a maior varejista de perfumes e cosméticos da América Latina.

Em 2009, o segmento de saúde e beleza foi o segundo em vendas na internet. No total, o desempenho do e-commerce contou com 17,6 milhões de compradores, dos quais mais de um milhão da Sack’s. A empresa é a terceira com maior faturamento entre os “players” que operam exclusivamente on-line, atrás do Submarino e da NetShoes. A marca também transgrediu as barreiras virtuais e é responsável pela loja física da Chanel, no Rio de Janeiro.

O pioneirismo da Sack’s tem muito a ver com a história de seu fundador. O executivo começou a trabalhar aos 19 anos como estagiário no site de buscas Cadê?, onde vendia links patrocinados. E foram esses mesmos links patrocinados que serviram como primeira forma de divulgação da loja virtual que ele abriria um ano depois.

De real para virtual
As lojas Sack’s pertenciam ao pai de Marcelo Franco, sócio de Montenegro junto com Alexandre Icaza. Em dois anos, o site já respondia por 70% das vendas da rede, o que fez com que eles pudessem passar a negociar diretamente com os fornecedores e fechar as portas dos pontos-de-venda tradicionais em 2007. “Não temos muitas lojas especializadas nesse segmento no Brasil, por isso conseguimos clientes nas mais diversas regiões do país”, explica Montenegro (foto), em entrevista ao Mundo do Marketing.

Como os brasileiros não estavam acostumados a comprar pela internet, as vendas iniciais foram direcionadas aqueles que já eram consumidores das marcas de perfumes e cosméticos. Depois de conquistar a confiança dos fornecedores, as entregas passaram a levar também amostras dos principais lançamentos do mercado. “Normalmente quem é fã de uma determinada marca confia nela. Por isso compra outros produtos, mesmo sem conhecê-los”, afirma o executivo.

Contar com a parceria das grandes marcas é um dos segredos do sucesso da Sack’s. Trabalhando dessa forma, a marca conseguiu o direito de ser o único vendedor on-line brasileiro de mais de 20 marcas. Entre elas está a Chanel, que em 2007 autorizou a venda de seus produtos no site.

Promoções e cuidado com o cliente
As parcerias também resultam em promoções que atraem cada vez mais consumidores de moda e beleza. Atualmente, uma ação envolvendo blogs especializados no assunto é realizada em parceria com a marca Carolina Herrera. A promoção “I Love Sack’s” levará sete pessoas a Nova York com tudo pago e lá assistirão ao desfile de Carolina Herrera nas primeiras fileiras.

Embora seja essencial o trabalho junto com as gigantes internacionais do setor, a Sack’s investe também em ofertas e no relacionamento diretamente com o cliente. Para isso, a equipe do call center do e-commerce é treinada para conhecer o produto e informar o consumidor, que pode pedir seu dinheiro de volta caso não fique satisfeito com a sua compra.

Como muitos produtos vendidos no site são de marcas de luxo, há a preocupação de manter os preços acessíveis ao mercado brasileiro. Por isso, desde 2006, o site não cobra frete, vende pelo menor preço sugerido pelas marcas e ainda parcela a compra. “Mesmo assim garantimos um negócio muito rentável”, completa André sobre a empresa que deve crescer 35% neste ano.

Produtos exclusivos
Além da loja virtual e da loja física de parceiros, a Sack’s também começou a atuar no desenvolvimento de perfumes. O primeiro produto será o Chrome Sport Sack’s, desenvolvido em parceria com a Azzaro. É a primeira vez que um perfume da marca levará em seu frasco a logomarca de um varejista.

A empresa também recebeu um convite da Lancomê para desenvolver um perfume tão carioca quanto a Sack’s, o Hypnôse Ipanema, que será vendido somente no Brasil. O trabalho envolve a criação da embalagem e a escolha da família olfativa e das notas que compõem a fragrância. O processo de fabricação do produto deverá ser encerrado em nove meses, quando serão produzidas cerca de 50 mil unidades, número representativo que comprova o sucesso da empresa que não para de crescer.

Por Rayane Marcolino

Fonte: Mundo do Marketing

Seu potencial cliente é diferente. E suas estratégias?

Não adianta fazer tudo igual. O produto, a embalagem, o preço, a venda e a comunicação também devem ser diferentes

O Marketing segmentado no Brasil é muito recente na história desta ciência, que tem registros de nascimento na década de 1950, nos Estados Unidos. Os produtos e a comunicação sempre foram, e continuam sendo, demasiadamente massificados. Temos duas razões para isso. A primeira é que a grande maioria da indústria e dos serviços ainda não percebeu o ganho que teria se olhasse cada consumidor como um indivíduo único, com necessidades e desejos diferentes. Em segundo está a falsa crença de que é muito mais barato atingir milhões de potenciais compradores pelas mídias de massa, principalmente pela TV.

Somente agora, na virada para o século XXI, que empresas como Nestlé e Kraft e varejistas como Pão de Açúcar e Carrefour passaram a olhar as particularidades do Brasil com lupa. Note que estamos falando de empresas multinacionais. São as grandes que mandam quando o assunto é Marketing e comunicação massificados. Aqui, por mais básico que seja, gostaria de fazer um parênteses porque ainda há quem faça confusão. E isso não pode mais acontecer. É rápido: Marketing é o que se faz para vender, o que inclui os famosos Produto, Preço, Praça e Promoção. Não confunda Marketing com Comunicação, que é uma parte da Promoção. Marketing, como já falamos aqui, é holístico.

Voltando… As empresas brasileiras, infelizmente, não estão incluídas pelo simples fato de termos apenas uma grande companhia de bens de consumo nacional, a Hypermarcas. Serviços? Temos grandes com atuação pelos quatro cantos do país, como a Oi. O que temos em nossa nação é uma característica singular. As pessoas e seus hábitos de consumo mudam radicalmente de região para região, como se fosse um outro país. O sudeste é totalmente diferente do nordeste, o norte não tem nada a ver com o sul e, mais: São Paulo é totalmente diferente do Rio, e mais ainda, os bairros destas cidades são completamente diferentes um do outro. Basta olhar para as pessoas: o seu vizinho não é bem diferente de você?

Para cada um, um modelo diferente
É por isso que hoje temos o Dia%, mercado de vizinhança do Carrefour, e os Extra Fácil e Extra Super, do Pão de Açúcar, para atender os consumidores que compram com mais frequência e em menor quantidade, e os produtos da Kraft sendo vendidos em embalagens com menos conteúdo para baixar o preço e caber no bolso de consumidores do nordeste que não têm as mesmas rendas dos grandes centros quando falamos de cesta única de compra. A empresa que fabrica o Trakinas foi além e criou uma divisão no nordeste para atender o consumidor das classes C, D e E, que, juntos, são muito maiores que a AB.

Estamos falando de um contingente de nada menos do que 165,7 milhões de pessoas. Segundo o estudo “Tendências da Maioria”, do Datafolha/ Data Popular, só na classe D, o movimento de renda é de R$ 381 bilhões, maior que os R$ 329 bi da classe B e muito maior que os R$ 216 bilhões da classe A. De agora em diante, eles comprarão suco pronto, massa instantânea, detergente líquido, molho de tomate, creme para cabelo e amaciante de roupa. E o que você vende para essas pessoas?

Essas que são as pessoas diferentes, que compram de forma igualmente diversa. Por isso, a Nestlé criou o Nestlé Até Você, elaborando seus canais de distribuição e sendo ela mesma distribuidora de seus produtos, mas não de maneira convencional, afinal, tudo que não podemos fazer neste momento é pensar no padrão. Por isso, a empresa suíça se reinventou e criou o Nestlé Até Você em 2006 e hoje tem penetração em 98% dos lares do Brasil.

Um caso de sucesso
O projeto é um programa para revendedores de produtos de nutrição, saúde e bem-estar da marca. A estratégia é fazer com que os revendedores ofereçam estes produtos para os vizinhos da comunidade que representam a base da pirâmide. É o famoso porta a porta, venda direta igual Avon e Natura. O programa abrange os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Paraíba, Pará, Minas Gerais, Espírito Santo, Ceará, Bahia, Alagoas e Brasília e deve chegar a 150 mil revendedores. Para criar o projeto, a Nestlé desenvolveu um estudo em todo o Brasil. Para isso, os diretores da marca passaram alguns dias nas casas das consumidoras acompanhando o dia a dia delas durante cerca de um ano de pesquisa.

O Marketing e a comunicação do Nestlé Até Você são feitos exclusivamente pelas próprias revendedoras. Elas têm acesso a folhetos e também a um carrinho feito para circular pelas comunidades e armazenar os produtos. Quando o assunto é comunicação, este é o caminho. Bem diferente do que fazem Casas Bahia e Magazine Luiza, capazes de investirem dezenas de milhões de reais, para não dizer centenas, anunciando em lugares onde sequer têm lojas. Este é o maior exemplo, pelo lado inverso, de nosso segundo ponto de discussão, a comunicação.

Quando entramos no mundo da publicidade vemos caminhões de dinheiro sendo jogados em lixões. Veja que contradição, além de anunciar num mercado onde não se tem loja. Hoje, as classes A e B estão na internet e a televisão é um meio em que predominam as classes C, D e E. Mas, embora haja um equilíbrio de anunciantes, ainda vemos muitos anúncios cujo produto somente pode ser comprado pelos mais abastados. Um exemplo matador: carro. Todo intervalo comercial tem pelo menos um anúncio de carro. A maioria é de carrão ou um de média categoria moderninho. Populares são poucos. E quem vê TV? Justamente o consumidor que pode comprar apenas carro popular, quando pode.

A grande questão da segmentação é o trabalho que ela dá. Infelizmente, ainda há profissionais de Marketing, e principalmente publicitários, que não gostam de trabalhar muito. Poucos vão além do feijão com o arroz. Da famosa mídia da mãe. É por isso que muita empresa deixou de existir na virada do século. O mercado mudou, o consumidor mudou, mas nem todos que vendem mudaram. Será que não está na hora?

Por Bruno Mello

Fonte: Mundo do Marketing