Obesos que estão à procura de empregos se deparam com
o preconceito contra o excesso de peso.
O mercado de trabalho está ficando cada vez mais exigente. Ser fluente em diversas línguas, ter noções de informática, fazer cursos importantes na sua área, ter um bom relacionamento para trabalhos em grupo são apenas alguns dos pré-requisitos exigidos, hoje, de um candidato que quer concorrer a uma boa vaga no mercado de trabalho. Não obstante a tantas exigências, agora, é preciso também ser magro.
Pelo menos, é o que indica a última pesquisa do Grupo Catho “A Contratação, A Demissão e a Carreira dos Executivos Brasileiros”, realizada entre os meses de maio e julho de 2005, com presidentes e diretores de grandes organizações. Os resultados revelam que 65% dos 31 mil entrevistados têm alguma restrição na contratação de pessoas obesas e que a aparência é um fator muito importante na contratação de executivos, pois é a primeira coisa observada.
Segundo a pesquisa da Catho, a discriminação em relação aos obesos é real e o excesso de peso influencia no salário dos funcionários. “Nosso estudo contou com um sofisticado modelo de regressão múltipla e, também, conseguiu mostrar que as pessoas magras ganham mais. Cada ponto a mais no IMC – Índice de Massa Corporal – significa, para um gerente, ganhar R$ 92,00/mês a menos”, aponta o documento.
Para o Dr. Durval Ribas Filho, presidente da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia – a discriminação contra o obeso é uma atitude inaceitável. “A obesidade é uma doença e precisa ser tratada. A pesquisa revela que a sociedade condena o obeso, facilitando o surgimento de sentimentos de rejeição. Rotular o excesso de peso como um desvio social, gerado pela falta de autocontrole, é um comportamento inadmissível. Não podemos ser coniventes com esta atitude, permitindo que a ditadura da beleza instale-se, também, no ambiente de trabalho”, enfatiza o médico nutrólogo.
Dados da OMS – Organização Mundial de Saúde – indicam que mais de um bilhão de pessoas no mundo têm excesso de peso e seu número poderá chegar a 1,5 bilhão, antes de 2015. O tratamento da obesidade é uma das áreas de atuação da Nutrologia, especialidade médica, uma vez que esta doença está se tornando um dos maiores vilões da saúde no mundo inteiro. Durante muito tempo, considerados problemas de países ricos, o excesso de peso e a obesidade se alastram, também, nos países pobres, aponta a OMS. A evolução da doença está vinculada ao aumento de consumo de calorias por dia e à maior ingestão de sal, gordura e açúcar, aliados à diminuição das atividades físicas causada por tarefas profissionais sedentárias e por meios de transporte motorizados.
“O emagrecimento deve estar atrelado à qualidade de vida. Uma maneira saudável de fazer isso é adotando um programa adequado que combine exercícios físicos à reeducação dos hábitos alimentares, aprendendo o quê, como e quanto comer”, defende o presidente da ABRAN, Dr. Durval Ribas Filho. O médico nutrólogo ainda ressalta que quem necessita perder peso precisa fazer isso com consciência, visando a manutenção da saúde, do bem-estar e não apenas o lado estético.
Fonte: ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia